No cenário da lipoescultura cervicofacial e
outros procedimentos estéticos, pode haver consequências
como a formação de fibrose [1,2], sendo um processo
fisiológico natural sob qualquer incisão que envolva
penetração na derme reticular [2,3]. Assim,
a fibrose residual deve ser revisada e, para o melhor
tratamento, é imperativo conhecer em detalhes as etapas
ou classificações da formação da fibrose.
Neste contexto, para entender os efeitos da
lesão e o potencial para a formação de fibrose, o
profissional em procedimentos estéticos faciais deve primeiro
compreender a histologia e fisiologia da pele [3-
5]. A pele é separada em epiderme, derme e
hipoderme [1,6]. Após a epiderme, a derme é
dividida em superficial (papilar) e mais profunda
(reticular). O processo dinâmico de formação de fibrose é
complexo, envolvendo muitos tipos diferentes de células, incluindo
células-tronco epiteliais, localizadas no estrato basal, e
unidades pilossebáceas localizadas na derme [7].
Como regra geral, qualquer ferida que se estenda até a
camada reticular inevitavelmente causará fibrose ou cicatriz.
O processo de formação de fibrose envolve três sobreposições principais:
inflamação, proliferação e remodelação [2,7,8]. Assim, no
primeiro ano, há reepitelização da migração de células-tronco,
deposição de matriz extracelular e colágeno tipo III. Além disso,
a remodelação com substituição de colágeno tipo I
determinará a composição da fibrose final [3,7]. Em
cerca de 4 a 6 semanas, a formação de fibrose atinge cerca de
60% de sua força original [4].
Neste sentido, para garantir o melhor resultado estético,
a técnica cirúrgica apropriada deve incluir manipulação delicada
dos tecidos, técnica asséptica, precisão na dissecação anatômica,
hemostasia cuidadosa, design adequado, desbridamento de tecido
desvitalizado, fechamento de camadas profundas para oblitarar
espaço, descolamento amplo, eversão de borda, evitando tensão e
alinhamento esteticamente favorável [7-10].
Neste sentido, a fibrose pode ser classificada como
hipertrófica (HP), queloidiana (K) ou não hipertrófica (NHP)
[2,11]. HP se apresenta com marcas elevadas, pigmentadas e excessivas,
confinadas às bordas originais da ferida e
normalmente regredindo lentamente, enquanto K é eritematoso
e fibroso elevado que invade a derme normal circundante
para além dos limites da ferida original e não regredir.
[12]. A NHP pode ser deprimida
(atrófica), aumentada ou com características desfavoráveis.
No entanto, a fibrose ideal é estreita, plana, nivelada com
o tecido circundante, e difícil de ser vista pelo olho não treinado
[8-10].
Portanto, este artigo teve como objetivo apresentar um guia
sobre a classificação da fibrose facial, bem como o melhor momento
de intervenções para o tratamento da fibrose após procedimentos
estéticos.
Guia – classificação da fibrose
Foi definido através de análises meticulosas e
observações clínicas que a classificação da fibrose segue uma escala
(índice) de 0 a 3, determinando Fibrose Facial (FF) de FF0 a FF3.
Foi avaliado na fase proliferativa entre o sétimo (7º) e
o vigésimo quinto (25º) dia, conforme mostrado na Tabela 1.
Melhor Momento de Intervenção
O momento da intervenção depende do tipo
de procedimento planejado e da presença de
deficiências funcionais. Revisão após 8 a 12 semanas em
adultos e 6 meses em crianças mais jovens podem ser
Tabela 1. Classificação do índice de fibrose facial de FF0 a FF3.
Índice de Fibrose Facial | Características Visuais e Anatômicas |
---|---|
Índice 0 – FF0 | ❖ Nenhum nível de fibrose foi detectado, seja visualmente ou por palpação com o paciente em posição ereta. |
Índice 1 – FF1 | ❖ A fibrose é detectada apenas por palpação com o paciente em posição ereta, sem evidência visual. |
Índice 2 – FF2 | ❖ A fibrose é detectada tanto por palpação quanto visualmente com o paciente em posição ereta. |
Índice 3 – FF3 | ❖ A fibrose gera ondulações ou cordões elevados no rosto. |
apropriado [10]. Se a fibrose se formou sem complicações e
apresenta apenas uma preocupação estética, então o tempo dependerá do
intervenção planejada e a maturação da fibrose [11].
Neste contexto, opções não cirúrgicas podem ser
realizadas mais cedo, enquanto revisões cirúrgicas são melhores
realizadas quando as cicatrizes amadureceram. Alguns lasers podem
ser realizados imediatamente após a remoção dos pontos [12,13].
A dermoabrasão geralmente é realizada de 4 a 12 semanas após
a lesão [14]. As revisões cirúrgicas podem ser competentes
realizadas após um período de 3 a 6 meses, embora
muitos advogados adiem revisões cirúrgicas até 6 a
12 meses para permitir a completa maturação da fibrose
[5,9,11].
Finalmente, se o cirurgião pretende realizar uma
revisão cirúrgica antes de 6 meses, é prudente realizar
massagens na fibrose, evitar o sol, hidratação intensa,
cobertura de silicone e injeções de esteroides, para
acelerar a maturação da fibrose e minimizar o eritema
tecido adjacente ou edema [3,4].
Classification of facial fibrosis: a guideline
Sandro Marcelo de Moraes Valente1,2,3*
1 ABOMI – Academia Brasileira de Odontologia Militar / Brazilian Academy of Military Dentistry, Rio de Janeiro, Brazil.
2 ATO – Academia Tiradentes de Odontologia / Tiradentes Academy of Dentistry, Sao Paulo, Brazil.
3 Sandro Valente Institute, Rio de Janeiro, Brazil.
*Corresponding author: Dr. Sandro Marcelo de Moraes
Valente. Sandro Valente Institute, Rio de Janeiro, Brazil.
Email: drsandromvalente@hotmail.com
DOI: https://doi.org/10.54448/mdnt22308
Received: 05-14-2022; Revised: 07-27-2022; Accepted: 08-04-2022; Published: 08-22-2022; MedNEXT-id: e22308
Letter to the editor
In the scenario of cervicofacial liposculpture and
other aesthetic procedures, there may be consequences
such as the formation of fibrosis [1,2], being a natural
physiological process under any incision that involves
penetration into the reticular dermis [2,3]. Thus,
residual fibrosis must be reviewed, and for the best
treatment, it is imperative to know in detail the stages
or classifications of fibrosis formation.
In this context, to understand the effects of the
lesion and the potential for fibrosis formation, the
professional in facial aesthetic procedures must first
understand the histology and physiology of the skin [3-
5]. The skin is separated into an epidermis, dermis, and
hypodermis [1,6]. After the epidermis, the dermis is
separated into superficial (papillary) and deeper
(reticular). The dynamic process of fibrosis formation is
complex, involving many different cell types, including
epithelial stem cells, located in the stratum basale, and
pilosebaceous units located in the dermis [7].
As a general rule, any wound that extends into the
reticular layer will invariably cause fibrosis or scarring.
The process of fibrosis formation involves three primary
overlaps which are inflammation, proliferation, and
remodeling [2,7,8]. Thus, in the first year, there is
reepithelialization of stem cell migration, deposition of
extracellular matrix, and type III collagen. Furthermore,
remodeling with type I collagen replacement will
determine the composition of the final fibrosis [3,7]. At
around 4 to 6 weeks, fibrosis formation reaches about
60% of its original strength [4].
In this regard, to ensure the best aesthetic result,
the appropriate surgical technique must include delicate
tissue manipulation, aseptic technique, the precision of
anatomical dissection, careful hemostasis, adequate
design, debridement of devitalized tissue, closure of
deep layers to obliterate space, wide detachment, edge
eversion, avoidance of tension and aesthetically
favorable alignment [7-10].
In this sense, fibrosis can be classified as
hypertrophic (HP), keloid (K), or nonhypertrophic (NHP)
[2,11]. HP presents with raised, pigmented, excessive
marks, confined to the original wound edges, and
normally regresses slowly, whereas K is erythematous
and elevated fibrous that invade the surrounding normal
dermis to extend beyond the limits of the original wound
and do not regress. [12]. The NHP may be depressed
(atrophic), enlarged, or with unfavorable features.
However, ideal fibrosis is narrow, flat, flush with
surrounding tissue, and difficult for the untrained eye to
see [8-10].
Therefore, this article aimed to present a guideline
on the classification of facial fibrosis, as well as to
present the best moment of interventions for the
treatment of fibrosis after aesthetic procedures.
Guideline – fibrosis classification
It was defined through meticulous analyzes and
clinical observations that the classification of fibrosis
follows a scale (index) from 0 to 3, determining Facial
Fibrosis (FF) from FF0 to FF3 index. It was evaluated in
the proliferative phase between the seventh (7th) and
the twenty-fifth (25th) day, as shown in Table 1.
Best Intervention Moment
The timing of the intervention depends on the type
of procedure that is planned and the presence of
functional deficiencies. Review after 8 to 12 weeks in
adults and 6 months in younger children may be

appropriate [10]. If fibrosis has formed uneventfully and
presents only an aesthetic concern, then the time will
depend on the planned intervention and the maturation
of the fibrosis [11].
In this context, non-surgical options can be
performed earlier, while surgical revisions are best
performed when scars have matured. Some lasers can
be performed immediately after suture removal [12,13].
Dermabrasion is often performed 4 to 12 weeks after
the injury [14]. Surgical revisions can be competently
performed after a period of 3 to 6 months, although
many advocates postponing surgical revisions until 6 to
12 months to allow complete maturation of the fibrosis
[5,9,11].
Finally, if the surgeon is to perform a surgical
revision before 6 months, it is prudent to perform
massages on the fibrosis, avoid the sun, intense
hydration, silicone covering, and steroid injections, to
accelerate the maturation of the fibrosis and minimize
the erythema adjacent tissue or edema [3,4].